MINHA PRIMEIRA VEZ NA TERRA DO TIO SAM
Duas crianças felizes.
Por eu mesmo:
Por uma série de circunstâncias e contingências, durante nossos 12 anos de casamento (e contando), eu e a Letícia Moreira Vargas Marreco ainda não tínhamos tido a oportunidade de fazer uma grande viagem; mas, com a sua formatura em Direito se aproximando, achamos que havia chegado a hora. Pesquisamos, planejamos, conversamos bastante até finalmente decidirmos nosso destino: Nova Iorque.
A próxima fase era a preparação financeira: calcula daqui, economiza dali (sempre por conta da Letícia; questões orçamentárias aqui em casa ficam com ela. Eu não tenho nem ideia de qual seja a nossa despesa mensal), juntamos o valor que achávamos suficientes, compramos as passagens, reservamos estadia… tudo estava correndo conforme os planos, até que amigos nos convenceram de que seria preciso incluir a Disney no roteiro. Recalcula, replaneja, compra novas passagens por outra companhia (a política de remarcação de passagens da companhia pela qual voamos é ridícula: gastaríamos quase o dobro para alterar a localização de desembarque!) para voar de NY para Orlando, finalmente, com muita expectativa e ansiedade, lá vamos nós em direção à “terra dos livres, lar dos valentes”.
KAFKA ENTRA NA PARADA: QUASE DEPORTADO!
Sabendo de antemão como aquele pessoal da imigração dos EUA é paranoico, já fui ensaiando mentalmente meu discurso para justificar o fato de descer de um avião e embarcar em outro: se me perguntassem o motivo, iria mencionar Kafka para justificar a absurda burocracia das companhias aéreas brasileiras, a dificuldade homérica em alterar o destino, etecétera, etecétera… porém, mal sabia eu que o verdadeiro surrealismo me aguardava do outro lado da fronteira: ao manusear meu passaporte, o oficial me mandou que o acompanhasse a uma sala reservada; segundo ele -se é que entendi direito-, aparentemente, outra pessoa tentava entrar no país usando meu nome…
Lá fomos nós para a sala da imigração, onde aguardamos que outras pessoas fossem interrogadas antes de nós. Quando chegou minha vez, o oficial segurou o passaporte, mirou bem a foto, olhou para a minha cara e disse: “humm… este não é você. A foto é bem parecida, mas definitivamente não é você”. Fui obrigado a rir, o que pode ter sido um grave risco; mas, ora bolas! Como assim?! A foto foi tirada no próprio Consulado americano! Ouvir aquele policial falando coisas como: “sim, parece muito, mas a distância dos olhos, as orelhas… não, acho que definitivamente não é você” me fizeram achar que, afinal, o Brasil não é assim tão esculhambado. Depois de cerca de quarenta minutos de espera e de quase me deixar em crise de identidade, o policial finalmente me liberou. Mas havia um problema: nós desembarcáramos em NY por volta das 6:30 da manhã, e nosso voo para Orlando estava marcado para as 9:30; com a fila gigantesca e como o procedimento investigatório da imigração, fomos liberados faltando apenas alguns minutos para o novo embarque, o qual aconteceria em outro terminal. Corremos feito loucos pelos corredores do JFK (o que fez com que eu me sentisse o próprio Leonardo DiCaprio fugindo de Tom Hanks em Prenda-me se for capaz), nos informamos, pegamos o airtrain em direção ao terminal correto… só que, como o aeroporto estava em reforma, o trem foi para o lado contrário antes de seguir para nosso destino. Resultado: perdemos o avião, os cem dólares da remarcação das passagens e toda a manhã e parte da tarde do primeiro dia. Só chegaríamos em Orlando por volta das três horas. Como já tínhamos perdido muito tempo, decidimos partir direto para um dos pontos turísticos mais visitados por brasileiros em Orlando: os famosos outlets! Pegamos o carrinho que havíamos alugado, instalamos o GPS e… nos perdemos pelas ruas da cidade. Sim, eu sou um desastre em termos de senso de direção; e a Senhora Marreco não fica muito atrás. Depois de rodarmos a esmo por algum tempo (eu já estava conformado em dirigir até o México) e de duas ou três perigosas freadas bruscas no meio do trânsito (eu ainda não estava acostumando ao câmbio automático), finalmente encontramos nosso hotel. Deixamos as malas, descansamos um pouco e saímos. A primeira parada era uma loja da rede Best Buy, onde se compra eletrônicos com preços excelentes; em seguida -sempre apanhando do GPS e rodando mais tempo do que o necessário-, fomos passear no charmoso Mall at Millenia, pois lá se encontra uma das nossas metas gastronômicas: o restaurante Cheesecake Factory, mundialmente famoso pelos seus deliciosas -será que dá para adivinhar?- cheesecakes.
A entrada de um mundo de delícias: Cheesecake Factory!
Fomos de Steak Diane e Shrimp Scampi, uma combinação sensacional de camarões com steak de angus, acompanhados de purê de batatas com champignons; e, de sobremesa, o divino Chessecake de doce de leite e caramelo; ótima pedida para encerrar nossa primeira noite nos EUA!
Embrulha que eu vou levar um de cada.
O prato mais delicioso que nós comemos nos EUA!
E, para finalizar, adivinha? Cheesecake!
O dia seguinte estava reservado para o ponto mais visitado por brasileiros em Orlando, depois dos parques: os Outlets.
Quer comprar bons produtos com preço baixo? Seu lugar é aqui!
Como você já deve saber, os outlets são centros comerciais -geralmente localizados nas saídas das grandes cidades- onde as marcas vendem suas coleções diretamente ao público, com preços muito inferiores aos normalmente praticados; lá, você encontra marcas famosas -e caras- com descontos de quarenta, cinquenta por cento. Parada obrigatória para brasileiros, que compram de tudo, de tênis a relógios, passando por brinquedos e bolsas de grife, terminando por comprar a própria mala onde vão carregar tanta bagagem extra…
Parte do resultado de um dia de compras.
Passar um dia num outlet é uma experiência exaustiva, e pode ser também perigosa se você não tiver autocontrole. Estourar o cartão de crédito não deve ser difícil; e em tempos de dólar nas nuvens, todo cuidado é pouco. Como eu e a Letícia levamos todo o dinheiro que pretendíamos gastar, não corremos nenhum risco.
Uma das coisas que mais impressiona e desanima quando você lembra do Brasil é perceber o valor ínfimo de impostos que se paga nos EUA; enquanto, cá em Pindorama, há produtos sobre os quais incidem até 75% de impostos, as notas fiscais americanas apontam meros 6,5%. Não admira que as coisas sejam tão caras em nosso país; nós somos obrigados a sustentar um Estado paquidérmico, glutão e inerte. E, muitas vezes, corrupto.
Terminado o dia de compras com excelentes negócios, finalmente fomos para o hotel.
O dia seguinte seria dedicado ao Reino Mágico de Walt!
MAGIC KINGDOM: UM LUGAR REALMENTE… MÁGICO!
Provavelmente o castelo mais famoso do mundo.
Tudo bem, você não é mais um garotinho de oito anos; ok, há tempos você não acredita mais em magos, fadas, dragões e ratos falantes. Mesmo assim, não há como não se encantar com os maravilhosos parques idealizados pelo sonhador Walt. E, ainda que a infância já tenha ficado em algum lugar distante, eu garanto que você sentirá a magia. Se fosse para definir os parques de Orlando (como o tempo era curto, fomos apenas no Magic Kingdom, Universal Studios e Island of Adventure) em apenas uma palavra, eu diria: excelência. Nada ali é apenas bom, nada é somente ótimo: tudo é excelente! Percebe-se o nível de exigência com a qualidade em cada detalhe, por mais ínfimo que seja; eu não encontrei sequer um arranhão na pintura, um prego ou parafuso exposto, absolutamente nada fora do lugar, mal acabado ou mal conservado! Tudo se apresenta da melhor forma possível para proporcionar ao visitante uma experiência perfeita e inesquecível.
Letícia voltando a ser criança.
Aí Pateta! Sai fora que essa aí tá comprometida!
Uma coisa que chamou nossa atenção em todos os parques foi o apreço pelos visitantes em cada detalhe. É claro que, em praticamente todos os brinquedos, se você não se animou a pagar o Fast Pass, você é obrigado a esperar em uma longa fila até chegar a sua vez; contudo, enquanto você aguarda na fila, vai brincando com outras atrações relacionadas ao tema. Por exemplo, no brinquedo em que você viaja até a Terra do Nunca, no percurso da fila, enquanto aguarda você assiste, ao vivo, à cena do filme em que Sininho entra no quarto das crianças e bagunça os objetos ao seu redor; em outro ponto, você vê a réplica da casinha da Nana. Tudo isso deixa a espera mais agradável -especialmente para os pequenos-, tornado sua experiência ainda mais deliciosa!
O quarto onde Sininho apronta. à medida em que a fadinha vai espalhando seu pó mágico, o barquinho balança, o globo gira e as crianças -e adultos- esquecem que estão na fila…
Na fila da Mansão Assombrada, você se diverte com os bustos e os versos nas lápides dos “moradores” da casa.
Ou toque esse órgão sinistro. Tá bom, nem é tão sinistro assim…
Perfeição em cada detalhe. Tanto no parque quanto na Senhora Marreco…
Na Taverna do Gastão você come como a Fera.
Princesas de Frozen. Valentina, minha sobrinha, pira!
A Bela e a Fera. Aí, quem pira é a Letícia!
E, claro, não poderia faltar um dragão malvadão cuspidor de fogo. Minha vez de pirar.
Sim, ela também está lá…
O chefe da gangue e dono do pedaço em carne, osso e orelhas.
Avisa lá que eu fiquei meio preso aqui, vou demorar a voltar pra casa…
No final do dia, papais, mamães e crianças exaustos pegam o ônibus de volta para seus hotéis.
No próximo post, Universal Studios e Island of Adventures; para mim, o melhor de Orlando!